COMUNICADO

No passado dia 17 de Novembro de 2024, o jornal Público divulgou um artigo intitulado “A “Maçonaria” do crime organizado”. O texto descreve uma organização criminosa do Brasil (PCC – Primeiro Comando da Capital) e afirma que “o PCC foi-se organizando como uma irmandade secreta, funcionando como uma espécie de “maçonaria do crime”, com diversas estruturas e cargos políticos e administrativos, como revela o sociólogo brasileiro Gabriel Feltran no livro Irmãos: Uma História do PCC, de 2018”. Feito este preâmbulo, existiu neste artigo um desrespeito claro e inequívoco por uma instituição secular e filantrópica que é a Maçonaria. Em reacção, duas Obediências emitiram comunicados com os quais a Grande Loja Simbólica de Portugal está genericamente de acordo – não vale a pena aqui repetir o que foi explicado e que é por todos reconhecido. Posteriormente, no dia 19 de Novembro, vem a Direcção do jornal Público tentar justificar o injustificável, com uma breve nota (em anexo) onde menciona que “a referência à maçonaria no trabalho de investigação em causa em nada visou denegrir a imagem da instituição maçónica, e foi usada com o único propósito de ilustrar os rituais de iniciação porque também passam os membros da PCC”, citando dois autores e referindo que a aquela citação “deva ser lida única e exclusivamente naquele contexto”.

Se o jornal Público justifica este título com “o único propósito de ilustrar os rituais de iniciação”, percebe-se que a ignorância reside e ainda persiste infelizmente no seio do jornalismo português. Rituais de iniciação existem em múltiplas organizações e não apenas na Maçonaria. Na era da inteligência artificial, muitas vezes mais fiável que a inteligência humana e natural, bastaria que o jornalista colocasse a seguinte questão a uma fonte insuspeita (e.g. Chat GPT): “Quais as organizações que utilizam rituais de iniciação para os seus membros?”. A resposta ipsis verbis é clara: “Muitas organizações utilizam rituais de iniciação para formalizar a entrada de novos membros”, citando ao todo mais de uma vintena de organizações para além da Maçonaria, desde sociedades universitárias e académicas, ordens religiosas, organizações juvenis, ordens profissionais, até organizações filantrópicas e ordens militares. Portanto, existiu neste artigo um aproveitamento imoral da instituição maçónica para ilustrar um acto comum a muitas organizações, o acto de iniciar. Mais grave é a posterior tentativa de justificação da Direcção do Público: pior que não assumir a desinformação jornalística e promover a desculpa, é tentar justificá-la com base em fundamentos frágeis, como se o leitor devesse ler o referido artigo “única e exclusivamente no contexto” mencionado. Se o jornal Público, que habituou os portugueses a um jornalismo de qualidade, pretende enveredar por outras correntes actuais do jornalismo mais populares e pacóvias, então estará certamente a trair a sua génese e dos seus fundadores. Quem fica a perder, não é certamente a maçonaria, mas claramente o povo português.

Lisboa, 21 de Novembro de 2024

O Conselho da Ordem da Grande Loja Simbólica de Portugal

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